Meu
nome é Amanda, sou estudante do IFMS e tem 2 anos e meio que frequento a escola
com o ensino médio e o curso técnico integrado de Informática para Internet do campus
Dourados-MS. Sou só mais uma estudante que vem todos os dias ter aulas e
que pega o ônibus para ir e voltar para casa. Nada de muito emocionante, sempre
ocupada com a mesma rotina.
Certo
dia, um pequeno filhote de cachorro apareceu no portão do IFMS. Magro, encarava
os alunos com desconfiança, rosnando com raiva para tudo e todos. Suas costelas
aparecendo eram dolorosas de ver, mas mesmo desejando ajudar, só conseguia
observar de longe. Ele nunca aceitava alguém se aproximar, sempre em guarda e
cauteloso. Notícias dele atacando os alunos desprecavidos vinham todos os dias.
Não
aguentando apenas observar, secretamente passei a trazer porções de ração para
ele. Era pouco, mas era o que conseguia comprar com o que sobrava da bolsa de
estágio. O filhote ainda estava magro, mas sua aparência parecia um pouco
melhor do que as primeiras semanas que apareceu no Instituto.
O
tempo passou rápido, quando vi, já era época das últimas provas e o espírito de
graduação cada vez mais próximo. Foi
quando me dei conta, não iria mais vir para o IFMS e ver o Perigo, o apelido que
acabou colando no filhote mal-humorado. Ele definitivamente iria ficar no
Instituto, mas a minha vida seguiria para frente, para além do campus.
Estava
preocupada, mas no fim não consegui chegar numa resposta antes da formatura, e
com toda a correria de mercado de trabalho e faculdade, só fui rever o Perigo
um ano depois. Era um novo cachorro, nada parecido com o filhote de pele e osso
que observava enquanto esperava o ônibus. Foi neste momento que descobri que
outros também estavam cuidando dele. Senti um calor no peito, uma alegria
misturada com alívio parecida a que senti quando vi o Perigo comer o primeiro
potinho de ração que trouxe. Ele ainda não deixava os alunos se aproximarem
muito, mas não era tão agressivo quanto antigamente. Mesmo ainda traumatizado
com pessoas, ele tinha encontrado um lugar seguro aqui.
De
longe, desejei que ele continuasse a ser tratado com carinho. Por relance,
achei ter visto o Perigo me observando com a expressão mais tranquila que
poderia ter visto no rosto de um cachorro. Era quase como se ele estivesse me
garantido “vai ficar tudo bem por aqui, pode seguir em frente sem se preocupar”.
Tenho
quase certeza que é só imaginação minha, mas tudo bem.